A Diáspora dos Falantes de Iorubá,
1650-1865: Dimensões e Implicações
David Eltis
"O estudo da escravidão e, de uma forma mais abrangente, do repovoamento das Américas, tem sido moldado por acadêmicos preparados para se ocuparem tanto com dados de arquivos quanto com textos. Não que uma disposição para lidar com dados numéricos gere explicações para as questões mais fundamentais que preocupam os historiadores, mas tal disposição ajuda-nos a selecionar as questões mais relevantes para serem objetos de estudo. Embora grande parte do tópico etnicidade não se preste à análise quantitativa, o bom senso sugere que qualquer avaliação do processo de, por exemplo, crioulização, exige um certo número de informações básicas, como a quantidade de imigrantes, sua procedência e a duração do movimento de imigração.
De forma semelhante ao que ocorreu com tantos grupos migrantes, os iorubás não existiram inicialmente como um povo coeso com consciência de si mesmos. O surgimento do termo iorubá, ou termos freqüentemente associados a ele, como “Lucumi” em espanhol, e “Nagô” em português, no sentido de auto-identificação, pode não ter ocorrido até que a diáspora dos iorubás estivesse bem avançada – talvez até bem tarde no século dezenove. Nenhuma unidade política única jamais abrangeu os falantes de iorubá e sua exportação para o atlântico jamais esteve concentrada em um único porto de embarque escravista na África Ocidental..."