A História da Educação
dos Negros no Brasil
Marcus Vinícius Fonseca
Surya Aaronovich Pombo de Barros
(Organizadores)
"Quem faz a apresentação de um livro recebe tanto o privilégio de lê-lo em primeira mão como a responsabilidade de despertar o interesse de futuros leitores. Certamente, aqueles que acolherem a sugestão de se dedicar à leitura atenta da presente obra, mais do que enriquecer conhecimentos, serão desafiados a batalhar pela construção de uma sociedade justa para todas/os. E, espero, caso ainda não esteja engajada/o, passe a militar contra o racismo e por uma sociedade justa e equânime.
A escola, melhor dizendo a escolarização, é um valor para a comunidade negra. Eu o sabia, pois assim aprendi no seio da minha família, na convivência com a comunidade negra. Em pesquisa que eu e operários negros realizamos, lá em 1985, ficou explicitado que a escolarização era um valor de refúgio, para nós negras e negros.
Por que valor de refúgio? Não que nos refugiemos nas escolas, onde com frequência nos submetem, por força de persistente racismo institucional, a experiências de discriminação, desrespeito, sofrimentos.
Mas porque, com os conhecimentos adquiridos nas escolas, temos mais condições de expressar para além da nossa comunidade, quem somos, que projeto de sociedade defendemos enquanto descendentes de africanos. E, assim, possamos, em conjunto com os demais cidadãos e cidadãs construir uma sociedade que definitivamente inclua, respeite e apoie a todos. Refúgio, nesse caso, pois, não é um abrigo, mas um instrumento para fazer conhecido e reconhecido um povo, o nosso povo negro, e sua luta. E preciso manejar as linguagens que utiliza o opressor, pondera a mulher negra sul africana Pastora
Knosi, para poder combater as opressões implícitas e também as declaradas que nos são impostas."