Brasil/Africa
como se o mar fosse mentira
Rita Chaves
Carmen Secco
Tania Macêdo
"Brasil África – como se o mar fosse mentira é uma coletânea voltada para as intricadas relações que ligam Brasil e África. Sob o prisma de ampliar o diálogo entre os dois povos em diversos campos, seja na reflexão do poeta, do sociólogo, do educador, do diplomata, do músico popular ou do antropólogo, a obra é lançada justamente neste momento histórico particularmente importante que se segue à aprovação da lei federal 10.639, a qual tornou obrigatória a inclusão de tópicos de História da África e da cultura afro-brasileira no ensino básico (leia mais).
A primeira edição da obra remonta ao ano de 2003, quando foi lançada pela Imprensa Universitária de Moçambique. A edição que a Editora Unesp apresenta ao leitor brasileiro é resultado de uma parceria com a Editora Chá de Caxinde, de Angola, que, por si só, já confirma a natureza deste projeto em participar dos esforços de aproximação entre Brasil e África.
Brasil África – como se o mar fosse mentira está dividido em três partes. Inicia com um breve texto do embaixador Alberto da Costa e Silva, africanista vigoroso, que condensa suas impressões de uma tarde em Lagos. Em seguida, outro texto curto de Martinho da Vila que discorre sobre a presença africana na música brasileira. São tantos os laços do músico brasileiro com a África que ele foi o convidado para o show de abertura do VII Fórum Social Mundial de Nairobi, em 2007, o primeiro em território africano, além de ser, ao lado de Alberto da Costa e Silva, uma das principais presenças na 5ª Bienal de Arte e Cultura da UNE, cujo tema é justamente a África.
Na seqüência, o livro organizado por Rita Chaves (USP), Carmen Secco (UFRJ) e Tânia Macedo (Unesp), todas doutoras em letras e ligadas ao ensino de Literaturas Africanas, traz ensaios nos quais os pontos de vista multiplicam-se, com estudiosos de várias áreas oferecendo novos pontos de observação para a compreensão das trajetórias dos povos dos dois continentes. Assim, ao lado de textos voltados para a permanência de marcas africanas em práticas religiosas, na criação musical e na ordem socioeconômica-cultural brasileiras, encontram-se reflexões que procuram indicar alguns dados da realidade africana hoje, da potencialidade de alguns de seus países, dos problemas que enfrentam em sua inserção no mundo contemporâneo, além de alguma reflexões sobre o complexo quadro das dificuldades encontradas pelos descendentes dos africanos na sociedade brasileira. Essa segunda parte se completa com o universo literário: pelas mãos de escritores, depreende-se o lugar do Brasil em momentos relevantes da história de alguns países africanos.
A terceira parte da obra abraça a literatura de maneira mais direta, abrigando alguns poetas que têm nas referências africanas de sua formação um dado de relevância da poética, que atualizam com sua sensibilidade e a consciência de seu verbo.
Lembrando uma frase do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, para quem não se pode amar de verdade o que não se conhece, os organizadores de Brasil África – como se o mar fosse mentira defendem que “é o conhecimento que pode alimentar o fluxo entre as terras entreligadas pelos mares que conhecemos”. Um livro que é mais uma ponte sobre o Atlântico."
P.S: Algumas páginas deste livro são ocultadas na versão online