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De quibungos e meninos
Gleicienne Fernandes
Mariana Pithon
 
"O quibungo é, na tradição oral, o monstro devorador de crianças, tema de assombrações e de ameaças para disciplinar as desobediências infantis. Malvado, bruto e perverso, ele é considerado por muitos, como os bantos, um lobo, o que o aproxima de um lobisomem, um monstro metade gente, metade bicho, com seu corpo peludo e suas grandes garras. No Brasil, uma de suas facetas é o bicho-papão, monstro com quem possui grandes semelhanças, entre elas a “boca-bolsa-papo”, que se abre ao abaixar a cabeça engolindo suas vítimas sem mastigar. Esse monstro pode ser visto como a criatura de Ogum, a inevitável mutação do negro velho, o empenho da madrasta em assustar e controlar a sua afilhada por meio da ameaça, o eco do medo que os pequenos têm ao ficarem a sós, ou ainda o Cabunda, bando africano conhecido como invasor, assaltante e destruidor das tribos africanas. Nas narrativas, a sua aparição é marcada por finais trágicos ou não, tendo a noite na mata, um local genérico e nebuloso, como palco de suas ações. Além disso, há também os diálogos cantarolados, que são uma presente influência dos alôs, histórias cantadas ou recitadas oriundas do continente africano."
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