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Mulherisma Africana
Uma Teoria Afrocêntrica 

Nah Dove

"Este artigo surgiu de meu estudo (ver Dove, 1993, 1996) das herstórias² de vida das mães Africanas que enviam seus filhos às escolas culturalmente afirmativas. Concentro-me em conceituar e definir a racialização do mundo através da dominação europeia/ supremacia branca. Ao fazer este trabalho, acho que é impossível ignorar a especificidade da opressão das mulheres africanas que vivam na sociedade ocidental centrada no homem. Meu estudo original incluiu 21 herstórias. Um número significativo destas mães tinham experimentado relações negativas com os homens que desempenharam papéis importantes em suas vidas. No que pareceu ser um paradoxo, estas mulheres nem odiavam, nem se separavam desses homens. Pelo contrário, aquelas que tinham filhos, por exemplo, reconheciam as suas responsabilidades para com seus filhos. Elas temiam pela sobrevivência de seus filhos e pela segurança dos homens africanos que vivam sob supremacia branca. Elas queriam que seus filhos fossem destemidos e que respeitassem as mulheres. Para ser fiel a seus sentimentos, foi exigido que eu não apenas usasse suas
palavras para contar suas histórias, mas desenvolvesse uma teoria de base cultural que pudesse ser sensível às suas experiências como mulheres africanas.

Teorias pertencentes à natureza particularizada das experiências das mulheres africanas têm sido largamente insuficientes. Os relacionados com a tradição feminista, tanto branca quanto negra, criticavam as condições sociais das mulheres no seio das sociedades europeizadas e buscavam soluções dentro de paradigmas europeus. Fugindo deste padrão, a teoria Womanist Africana (de 1993) de Hudson-Weems analisa criticamente as limitações da teoria feminista e ajuda a explicar, de forma abrangente, as idéias e ativismo de algumas mulheres africanas que contribuíram para a teoria womanist (mulherista) de diferentes perspectivas ideológicas. Desta forma, ela começa a construção de um paradigma Afrocêntrico que possa abranger o ativismo de todas as mulheres africanas, reconhecidas ou ignoradas, que lutaram para libertar os povos africanos em uma escala global.
Minha perspectiva teórica aceita a inestimável análise (de 1993) de Hudson-Weems. Minha contribuição é para enfatizar ainda mais o conceito de cultura como uma ferramenta de análise para compreender a natureza das experiências das mulheres Africanas. Eu especificamente abordo a cultura como arma de resistência e como base para a definição de uma nova ordem mundial. Enfatizo a validade das experiências de mães, que olham para a sua reAfricanização como a solução para as desafiantes estruturas sociais alienígenas e inadequados valores e comportamentos entre homens e mulheres Africanos.
À luz disto, eu uso o termo Africano4 para definir povos Africanos e sua diáspora, porque há uma crença de que nós, apesar de nossas experiências diferentes, estamos ligados à nossa memória cultural e espiritualidade Africana e podemos a qualquer momento nos tornarmos conscientes de sua importância para nossa Africanidade e futuro. Além disso, a minha intenção é adicionar credibilidade à perspectiva Afrocêntrica (Asante, 1980),
destacando a teoria womanist Africana como um componente central para a construção da visão de mundo Africana."

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