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Coleção Sons da Bahia
Os Belos, o Trânsito e a Fronteira
Um estudo socioantropológico sobre o discurso autorreferente do Ilê Aiyê
Carlos Ailton Silva

"​Nos seus 459 anos de vida, a Cidade da Bahia se colocou para o mundo pós-colonial como um daqueles centros que chamam atenção por atuar como um espaço de referência cultural-civilizacional para uma ocidentalidade que ainda busca, no espaço atlântico, formas de entendimento sobre o historicismo das relações que por estas terras ocorreram.
Por outro lado, essa condição fez com que o seu tempo-espaço produzisse, ao longo de sua história, um conjunto de características relacionais humanas típicas dos territórios que sofreram com a experiência da tensão oriunda do encontro das diferentes formas humanas que se fizeram presentes no processo de colonização e formação social nas zonas da diáspora afro-atlântica.
A grande cidade que, no primeiro ato da sua saga cultural-civilizacional, se produziu a partir da fusão dos elementos da tradição euro-tupinambá, é também um fenômeno social resultante de um segundo movimento que se apresentou a partir da presença dos referenciais africanos que por aqui desembarcaram entre 1536 e 1850. Todavia, a cidade que se fez mãe e acolhedora para uns, mostrou-se dura senhora no processo de construção dos arquétipos orientadores das sociabilidades entre europeus-crioulos e africanos. Nesse sentido, a grande senhora e sua boa gente produziram uma trama social forjada pela contradição que se manifestou na negação das diferenças daqueles que, na dinâmica do tempo-espaço da diáspora atlântica, foram usados no sistema produtivo da época como peças de um grande engenho..."

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