top of page
Palmares, ontem e hoje
Pedro Paulo Furani
Aline Vieira de Carvalho
"Palmares e Zumbi marcaram a História e ainda se fazem presentes. Esse volume mostra que, desde a época do quilombo, os interesses e angústias atuais determinam as leituras dessa experiência social tão marcante no imaginário dos brasileiros.
 
Quando se ouvem os nomes de Palmares e de Zumbi, logo lembramos da saga daqueles que lutaram pela liberdade, em plena época da escravidão, nos tempos coloniais. Zumbi foi o único líder de uma revolta escrava a figurar entre os Grandes personagens da nossa história, uma coleção que marcou época, lançada em 1969, no auge da ditadura em que vivia o Brasil. Único herói popular da coleção, seu fim é descrito, no trecho abaixo, como singular por ter atingido às pessoas mais humildes: “Zumbi está morto? A pergunta, como um vendaval, varreu as vilas e povoações de Pernambuco, espalhou-se pelos engenhos de cana, entrou nas fazendas do interior das capitanias e chegou até terras mais longínquas, onde negros fugidos viviam em pequenos grupos. Os fazendeiros, satisfeitos, queriam a confirmação da notícia. A morte de Zumbi poria fim à luta. Estaria afinal destruído o grande reino negro dos Palmares? Se isso fosse verdade, os escravos não teriam mais estímulo para fugir e os senhores de engenho poderiam respirar aliviados. Os negros — e mesmo muitos brancos e índios — não acreditavam na morte do Rei Zumbi. Não podia ser verdade, Zumbi não era um homem comum e sim o deus da guerra, o mais poderoso dos gênios, irmão e dono do mar. E viera à Terra para chefiar a luta dos negros libertos e dar esperança aos ainda cativos. Por isso, diziam os negros, Zumbi era imortal. Mas alguns garantiam que Zumbi já fora derrotado; tanto falavam que os negros começaram a ficar em dúvida. Nos alojamentos de escravos em todo o Nordeste, durante a noite, feiticeiros se ajoelhavam para rezar..."
bottom of page