Quilombos
Espaço de resistência de
homens e mulheres negros
MEC
"Esta é uma publicação que, não sendo histórica, trata de história. Mas não daquela oficial, comumente contada nos livros escolares, centrada na cultura europeia e escrita, sobretudo por "heróis" do sexo masculino, invariavelmente brancos, como você perceberá ao conhecer o material.
E é isso o que queremos aqui refletir com você: a parte negra da história brasileira.
Apesar da enorme contribuição de africanos/as e afrodescendentes, e de sermos a maior população negra fora da África, a escola e, por consequência, também os livros e o fazer pedagógico têm sido bastante reducionistas na abordagem dessa importante contribuição. Poucos/as ainda são os alunos/as e professores/as que conhecem homens e mulheres negros - e populares - que também tenham sido autores/as da história deste país.
Entretanto, em função da amplitude da questão, torna-se importante caracterizar que nossa abordagem estará relacionada aos quilombos, espaços de resistência de homens e mulheres negros/as que, em solo fluminense - e também espalhados Brasil afora-, traduziram o desejo de liberdade e resistência negra, diante da violência da escravidão.
Como educadores/as que, assim como você, também somos, temos consciência de que a questão não é simples e não se encontra restrita a indivíduos ou instituições. Trata-se de responsabilidade da sociedade brasileira. Refutamos ainda abordagens que creditam à educação o poder - ingénuo - único e mágico de atuação e resolução da questão.
Contudo, se esse (re)pensar não se encontra restrito em importância, apenas aos afrodescendentes, mas a todos/as os/as brasileiros/as, também não está restrito a você, professor/a que atua em um das escolas localizadas em área remanescente de quilombo, ou em áreas próximas. Sua participação, porém, é essencial.
Dessa forma, buscando colaborar com esse processo, em parceria com a SECAD - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/MEC, a REDEH - Rede de Desenvolvimento Humano - vem convidá-lo/a, professor/a, a refletir sobre a cultura e a história local, objetivando não apenas o resgate e manutenção das tradições, mas, sobretudo, da autoestima de crianças, jovens, homens e mulheres quilombolas. 0 material certamente não tem a pretensão de esgotar o assunto e, por isso mesmo, você encontrará nele espaços para que, a partir de sua prática e análise, possa fazer acréscimos, críticas e sobretudo, introduzir questões.
Na prática, nosso convite articula-se à Lei 10.639 que, promulgada em 09 de fevereiro de 2003, alterando a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, toma obrigatória a inclusão no currículo oficial do estudo da história e cultura africana e afro-brasileira. Junta-se, ainda, às diferentes ações e iniciativas de inclusão que o Movimento Negro vem desenvolvendo entre os diferentes setores da sociedade.
Ao todo, sete quilombos localizados no estado do Rio de Janeiro - Campinho, Bracuí, Caveiras/Botafogo, Machadinha, Rasa, São José e Santana - são apresentados, neste manual, através "das falas de suas gentes", buscando recuperar e estabelecer a ligação entre o ontem e o hoje. E, como anteriormente dissemos, sua atuação na escola, professor/a, é peça-chave para a concretização desse resgate histórico.
Venha Conosco!"