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Tia Ciata
e a Pequena África no Rio de Janeiro
Roberto Moura
 

"Este livro é o desdobramento de um trabalho realizado inicialmente em cinema sobre o Rio de Janeiro subalterno e eventualmente marginal, redefinido a partir da virada do século que teria uma particular expressividade para essa cidade no engendramento de sua identidade moderna.

Em torno da Corisco Filmes, organizamos um pequeno centro de informação primariamente voltado para a vida carioca, que, tendo produzido filmes sobre o tema, agora termina esse primeiro texto como resposta às próprias dificuldades de pesquisa e resultado das discussões que mantivemos nesses anos de trabalho. Assim, ao lado da história da Tia Ciata e de sua diáspora baiana no Rio de Janeiro, tomou corpo a nostalgia por um trabalho de contexto que interrelacionasse e desvendasse este Rio de Janeiro, em contrapartida àquele que “se civiliza” no Centro e na Zona Sul, redefinido pela reforma do prefeito Passos. Tal postura alongou o texto e acabou por lhe dar essa feição final, onde à preocupação didática e informativa se junta o intuito ensaístico e especulativo.

Além de todos que participaram dos filmes que começamos a rodar nos anos 70, cada um à sua maneira parceiro nessa proposta, nesse trajeto, fui apoiado no trabalho de pesquisa deste livro por Ângela Nenzy, com quem tanto discuti as questões sobre as religiões negras no Rio; Elisabeth Formaggini, que muito contribuiu para o levantamento da situação do mercado de trabalho e particularmente da presença da mulher, além de liderar a pesquisa iconográfica, e Cida Dacosta, que, inicialmente trabalhando na parte administrativa, bandeou-se para a pesquisa por seu interesse responsável pela situação do negro na cidade.

Formou-se então uma equipe criativa e profissional onde quase sempre trabalho foi prazer. Ainda na Corisco, Roberto Machado Jr., Antonio Luis Mendes Soares e Henrique Sodré se ocuparam das fotos e reproduções; e Paulo “Baiano” Fortes, das gravações das entrevistas, sempre feitas com qualidade esperando o cinema.

Pedro Wilson Leitão leu e criticou o texto entre viagens. Amigos, irmãos. Do Departamento de Editoração da Funarte, Suzana Martins revisou o texto com técnica e realismo, enquanto Martha Costa Ribeiro fez a diagramação das fotos com sua sensibilidade esclarecida.

Sinto que fazemos parte de um movimento maior, não codificado ou institucionalizado, mas que parte de sensibilidades fundamentais comuns e de um projeto de mudança que transcendem a origens sociais e culturais, ou gerações, que repudia as desigualdades como valoriza as diferenças, que se volta para o passado para dimensionar o presente. A nós, o futuro.”

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