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Vissungos
cantos afrodescendentes em Minas Gerais
Neide Freitas
Sônia Queiroz
"Os vissungos são cantos afro-brasileiros cantados em Minas Gerais em diversas situações da vida cotidiana. Durante o trabalho nas minas e no trabalho dos terreiros, nas brincadeiras ou no cortejo dos enterros, os negros escravizados preservavam sua cultura à revelia dos senhores através da música. E também através da língua, uma vez que esses cantos ainda hoje mantêm muitas palavras originárias de línguas africanas.Apesar da importância que esses cantos representam para o conhecimento da cultura brasileira como um todo e das culturas africanas que herdamos, ainda são relativamente poucos os estudos sobre eles.Esses estudos iniciaram-se no começo do século XX, entre a década de 20 e 30, com Aires da Mata Machado Filho, que recolheu e transpôs para partituras musicais 65 cantos encontrados na região de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, povoados do município de Diamantina– MG. O trabalho realizado por Machado Filho não teve continuidade e,ao longo do século XX, permaneceu como a única fonte escrita sobre os vissungos. Encontramos apenas referências esparsas sobre esses cantos,em estudos sobre as tradições orais brasileiras, que sempre reproduzem o registro feito por Aires da Mata Machado Filho na publicação O negro e o garimpo em Minas Gerais . Assim, por exemplo, a pesquisadora Oneyda Alvarenga, no livro Música popular brasileira, menciona os vissungos e a pesquisa de Machado Filho ao tratar dos cantos de trabalho. Outra referência pode ser encontrada no livro As religiões africanas no Brasil , de Roger Bastide, que se refere aos cantos religiosos com presença de vocabulário banto identicados por Machado Filho, ressaltando que o pesquisador mineiro, talvez “tenha descoberto as últimas sobrevivências dessas velhas religiões bantos agonizantes, na região de Minas onde os quilombos tinham sido mais numerosos..."
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